terça-feira, 9 de agosto de 2011

Instituto Corpore oferece abrigo e proteção aos cães de ruas de Campo Mourão

Campo Mourão tem aproximadamente 20 mil cachorros e 60% deles estão soltos pelas ruas da cidade. Para evitar os maus tratos desses animais, que muitas vezes sofrem com o vandalismo das ruas, e, principalmente, para livrar a população de doenças transmitidas por eles abandonados, o Instituto Corpore – Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip) –, juntamente com outras associações e voluntários, oferece abrigo para parte desses cães.
Desde 2007, a Oscip tem auxiliado as instituições e voluntários que cuidam de cachorros e recolhido os animais, ofertando tratamento em clínicas de veterinária, além de proteção contra maus tratos, alimentação e higienização. Atualmente, o casarão, como é chamado o abrigo, conta com quase 100 cachorros. Muitos deles são deixados no local demasiadamente debilitados, com perda de peso, doença de pele ou mesmo faltando membros.
A presidente do Instituto Corpore, Crys Angélica Ulrich, destaca que o abandono de cães é frequente e que evitá-lo é uma das tarefas mais difíceis. “Além de recolher os animais das ruas, nossa ação principal é a conscientização da população sobre as responsabilidades em comprar ou adotar um animal. Também temos que lembrar que há os cuidados, como vacinação, higiene, alimentação e a castração, que são muito importantes. Outro ponto fundamental é que a pessoa que compra ou adota tem de estar ciente de que aquele bichinho pequenino, bonitinho, cresce, ocupa espaço, precisa de atenção, toma tempo e pode até estragar móveis e objetos pessoais para apenas brincar”, fala.
Crys lembra que, grande parte dos donos de cachorros se esquece desses cuidados, abandonando-os quando eles mais necessitam. “O cachorro pode ter uma vida de até 20 anos, quando idosos precisam de mais atenção ainda, pois apresentam problemas de saúde como qualquer ser humano em idade avançada”, destaca. Ela considera inviável a adoção ou compra de um animal por pessoas que não estão dispostas a arcar com tais consequências. “Precisa-se aprender a adotar com responsabilidade”, ressalta.
O advogado Cleiton Grola diz que há uma lei específica para os maus tratos aos animais, assim como o abandono. “Tem a lei 9.605/98 que trata dos crimes ambientais, mas em seu artigo 32, fala sobre a prática dos maus tratos e abrange a outros animais e não somente cães: ‘Art 32. Praticar ato de abuso, maus-tratos, ferir ou mutilar animais silvestres, domésticos ou domesticados, nativos ou exóticos. § 1º Incorre nas mesmas penas quem realiza experiência dolorosa ou cruel em animal vivo, ainda que para fins didáticos ou científicos, quando existirem recursos alternativos. § 2º A pena é aumentada de um sexto a um terço, se ocorre morte do animal’”. Grola diz que a pena é de três meses a um ano, mais a multa. 
Auxílio para Saúde e Segurança Pública
Mesmo com repressão judicial, a quantidade de animais abandonados é significativa, o que faz com que o poder público, mesmo com a ajuda de instituições que se destinam a cuidar dos cães, não consiga diminuir o número. Uma das técnicas responsáveis pela elaboração do projeto citado, Bruna Litron, garante que o trabalho com os cachorros começou a ser desenvolvido justamente por causa do grande número de animais existem pelas ruas. “Constatou-se que muitos deles são vítimas de maus tratos e morte precoce por atropelamento ou doenças, além de serem os principais meios de transmissão de zoonoses para a população”, explicou.
Ela afirma que o projeto foi elaborado a partir de estimativas estaduais, visto que “não há nenhum tipo de estudo, controle ou levantamento das questões pertinentes aos cães errantes em Campo Mourão”. Para controlar essa população, o Instituto Corpore estuda parcerias, tanto com a prefeitura quanto com universidades. Os cachorros assistidos pelo projeto da Oscip, por exemplo, possuem o Prontuário do Cão, que permite a criação de um banco de dados para avaliar o animal. “Nele vão contar a evolução do tratamento para os cães debilitados, pesquisa qualitativa sobre questões relacionadas ao sexo. Tudo será documentado para saber exatamente o estado em que o cão chegou”, cita Bruna.
Ela destaca que o projeto visa a qualidade de vida da sociedade de Campo Mourão. “Tiramos os cachorros das ruas, evitando possíveis ataques à população e, principalmente, à proliferação de uma série de doenças que podem ser transmitidas ao homem pelo animal solto. Além disso, os animais soltos representam um perigo a mais no trânsito. Ou seja, tirar os cachorros da rua é questão de saúde e segurança pública, colaboramos com a cidade nesse sentido”, pondera.
É o que confirma a presidente do Instituto Corpore. “Há a necessidade de controlarmos esta população canina, impedindo que ela transmita doenças e infecções. E evitar que estes animais revirem lixos, deixando a cidade suja, além dos dejetos deixados por eles”, reitera, lembrando que a entidade atua principalmente na área de saúde, sendo essa questão de grande relevância para diversos municípios.
A Oscip tem sede em Matinhos (PR) e escritório operacional em Campo Mourão (PR). Trabalha nas áreas de Saúde, Meio Ambiente, Educação e Saneamento Básico nos estados do Paraná e São Paulo.

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